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Os cnidócitos possuem uns recetores localizados num complexo ciliar encontrado na superfície apical da célula. A estimulação mecânica deste complexo é traduzida em despolarizações membranares.

Sendo assim, os cnidócitos são capazes de produzir potenciais de ação, funcionando como entidades pré-sináticas e aparentemente passam por processos de exocitose. Estudos de screening revelaram a presença de canais de sódio, potássio e cálcio dependentes da voltagem. [1]

Aumento do fluxo transmembranar de cálcio

1

Fusão da membrana do pólo apical do cnidócito à membrana alvo (exocitose dependente do cálcio)

2

Oligomerização da toxina

3

Formação de poros na membrana do tamanho de canais

4

Facilitação dos fluxos iónicos através da membrana com um aumento da permeabilidade para o cálcio

6

Lise osmótica com libertação de proteínas intracelulares (lactato desidrogenase) através dos poros 

  • Iões metálicos de transição

    • divalentes (zinco, níquel, cobre, manganês);

    • trivalentes (lantânio, gadolínio)

  • Protetores osmóticos

5

Influxo de cálcio e restrição do efluxo de moléculas maiores

Este cálcio entra no cnidócito através de canais dependentes da voltagem criando um potencial de ação nestas células que desencadeia a sua descarga. Estes potenciais de ação são dependentes do sódio.

Presumivelmente, atuam nos fosfolípidos da membrana alvo diminuindo a sua fluidez, o que interfere com a difusão lateral e agregação dos componentes citolíticos do veneno de modo a formar canais e poros

Esquema detalhado do mecanismo pelo qual o veneno da caravela portuguesa causa um aumento do influxo de cálcio.
Adaptado de [2], [3] e [4]

25

ng/mL

Para concentrações de veneno < 25 ng/mL, o lag time é inversamente proporcional à concentração de veneno 

Cinética de 1ª ordem 

Para concentrações de veneno > 25 ng/mL, o lag time é independente da concentração de veneno [2]

Cinética de ordem 0

Por muito tempo acreditou-se que este mecanismo se deveria à despolarização provocada pela inibição da atividade da bomba sódio/potássio-ATPase.

Mais tarde verificou-se que bloqueadores dos canais de cálcio, tanto do tipo L como do tipo T (como o verapamilo) não alteravam a ação do veneno.

A ubaína (um bloqueador da sódio/potássio-ATPase) também não era capaz de bloquear os efeitos do veneno.

vanadato (um inibidor geral de ATPases) era igualmente incapaz de bloquear os efeitos do veneno. [3], [5]

Aumento do fluxo transmembranar de sódio

A flecainida, um bloqueador dos canais de sódio, não é capaz de alterar a ação do veneno sobre estes canais. [5]

Aumento do fluxo transmembranar de potássio - hipóteses

O influxo de cálcio induzido pelo veneno estimula secundariamente os canais de potássio dependentes do cálcio, produzindo um aumento do efluxo do potássio.

A entrada no veneno nas células leva à formação de canais iónicos não específicos, permitindo a difusão do potássio para dentro da célula a favor do seu gradiente de concentração. [4]

ou

Em síntese...

O veneno da caravela portuguesa é então capaz de:

  • aumentar o influxo de cálcio e sódio em mais de 600 e 100%, respetivamente;

  • aumentar o efluxo ou influxo de potássio, num mecanismo dependente do cálcio ou mediado por canais não específicos, respetivamente. [5]

Referências bibliográficas:

[1] Bouchard C, Anderson P (2014) Immunolocalization of a Voltage-Gated Calcium Channel b Subunit in the Tentacles and Cnidocytes of the Portuguese Man-of-War, Pysalia physalis. Marine Biological Laboratory 227: 252-262

[2] Edwards LP, Whitter E, Hessinger DA (2002) Apparent membrane pore-formation by Portuguese Man-of-war (Physalia physalis) venom in intact cultured cells. Toxicon 40:1299-1305

[3] Edwards L, Hessinger DA (2000) Portuguese Man-of-war (Physalia physalis) venom induces calcium influx into cells by permeabilizing plasma membranes. Toxicon 38:1015-1028

[4] Edwards L, Luo E, Hall R, Gonzalez RR, Hessinger DA (2000) The effect of Portuguese Man-of-war (Physalia physalis) venom on calcium, sodium and potassium fluxes of cultured embryonic chick heart cells. Toxicon 38:323-335

[5] Tibballs J (2006) Australian venomous jellyfish, envenomation syndromes, toxins and therapy. Toxicon 48:830-859

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